Aquaplanagem
O atrito entre os pneus e o solo*, que é o
responsável por frear o veículo, é quem permite seu movimento, transmitindo ao
solo a potência desenvolvida pelo motor e também quem mantém sua orientação,
direcionando-o de acordo com a inclinação as rodas determinada pelo volante. Sem o atrito o
carro nem sairia do lugar, alias é o que acontece quando você se enfia em um atoleiro, a
falta de atrito entre os pneus e o solo imobiliza o veículo.
A força de atrito trocada entre dois corpos depende
de apenas dois fatores, da força normal, no caso do carro, a força comprime o
mesmo na estrada, e da natureza das superfícies em contato, em nosso caso, do
asfalto e da borracha. Qualquer material que se interponha entre ambos vai
influenciar no valor desta força. Entre as peças de um motor, o atrito é uma
força indesejada, para torná-lo mínimo, usa-se o óleo. Uma
película se forma impedindo o contato direto de
metal contra metal e o atrito é praticamente neutralizado.
Nossas estradas têm um perfil abaulado formando uma
superfície convexa para facilitar o escoamento da água quando chove, mas, aqui
em nosso país, a conservação das mesmas deixa a desejar**, caminhões com
excesso de peso produzem um afundamento no asfalto no local onde passam as
rodas, com o tempo forma-se uma espécie de canaleta e quando chove ela se enche
de água. Justamente no local onde os pneus passam existem depósitos de água. Se
a velocidade do carro não é muito grande e os pneus se encontram em bom estado,
isso não representa problema algum, o projeto dos pneus já leva este fator em
conta, eles apresentam sulcos na banda de rodagem para onde a água escapa
quando se passa por sobre ela, isso permite que a borracha tenha contato direto
com o asfalto garantindo o atrito. Logo em seguida quando a parte do pneu em
contato com o solo começa a subir para fazer uma volta, a água dos sulcos é ejetada
e produz aquele spray característico que suja completamente o carro que vier atrás.
Os fabricantes estabelecem que a vida útil de um
pneu termina quando a profundidade dos sulcos chega a 1,6 mm, mas, aqui é
Brasil, a crise está feia, tem gente que enquanto não ver a lona, ta andando por
aí. Alguns pneus parecem mesmo os slicks de corrida. Trafegar em pista molhada
com estes pneus é quase uma tentativa de suicídio, se a velocidade aumentar um
pouco, a água não tem tempo de sair de baixo do pneu, forma-se uma película de
água entre o pneu e o solo, é a chamada aquaplanagem, se o motorista não tiver
conhecimento a respeito, ela quase sempre termina em capotagem. O primeiro
sintoma é que o carro começa a se deslocar para fora da pista andando de lado,
neste momento o motorista despreparado vai virar um pouquinho o volante
tentando voltar. Como os pneus não encostam no asfalto nada vai acontecer, o motorista
então vai virar o volante um pouco mais e pisar no freio. Como a roda está solta
sem contato com o solo, pisando no freio ela trava e o carro continua
deslizando sobre a lâmina de água, até que o contato com o asfalto volta e o
atrito se restabelece, agora imagine você o que acontece, o carro se encontra
com velocidade elevada as rodas travadas e o volante esterçado. Não é preciso
ser um gênio da física para perceber que é capotagem com certeza.
Quais os cuidados para evitar que este tipo de
acidente aconteça? É simples, primeiro, manutenção preventiva em seus pneus,
respeite as normas estabelecidas pelo fabricante, ele sabe o que faz. Segundo;
choveu? Diminua a velocidade. E se acontecer com você apesar de todo o cuidado?
Se for o caso, você irá perceber que seu carro está parecendo um cachorro
andando meio de lado e tendendo a sair da pista, não vire o volante, não use o
freio, tire o pé do acelerador e segure o volante firmemente. Caso o carro saia
do alinhamento da pista, vire ligeiramente o volante no sentido do movimento, é
muito importante manter as rodas sempre alinhadas com a direção do movimento.
Agora é só aguardar, em alguns segundos o contato com o solo será restabelecido
e depois disso é que você pode trazer o carro de volta para a sua faixa de rodagem.
Restabelecido o controle sobre o carro, procure um local adequado, estacione, aguarde
uns 15 minutos para seu coração voltar ao normal e é só prosseguir viagem com menor
velocidade.
*Inércia ou para que serve um cinto de segurança
** Radares e pardais
Marcos Diniz